quinta-feira, 19 de novembro de 2009

GRANDES HISTÓRIAS QUE CABEM NO SEU CELULAR!

A PARTIR DO DIA 03 DE DEZEMBRO, ÀS 20H15, O CANAL BRASIL APRESENTA EM 5 PROGRAMAS, EXIBIDOS SEMANALMENTE, OS FILMES SELECIONADOS E PREMIADOS NA EDIÇÃO DE 2009 DO FESTIVAL CELUCINE DE MICROMETRAGENS PARA CELULAR.NÃO PERCA!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Especial Cultura

Informação aprofundada sobre personalidades e fatos do Brasil e do mundo

Programa semanal, o Especial Cultura aborda em profundidade temas relativos à realidade política e cultural do Brasil e do mundo. Biografias de personalidades artísticas, culturais e de liderança mundial; informações sobre fatos contemporâneos e históricos; e aspectos ambientais que não devem passar despercebidos.

Programa de 5 de novembro
Trópico da Saudade
Em decorrência do falecimento do antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, a TV Cultura exibe nesta quinta-feira (5/11) às 23h o documentário Trópico da Saudade, Claude Lévi-Strauss e a Amazônia, inédito na televisão brasileira. Portanto, deixa de ir ao ar o documentário Paisagens Possíveis, antes programado para esta faixa. Ainda não há data prevista de exibição.

Trópico da Saudade, Claude Lévi-Strauss e a Amazonia relata as vivências do antropólogo francês no Brasil com os Nambikwara, povo da Amazônia. A partir de entrevistas com Lévi-Strauss e citações do livro Tristes Trópicos, o documentário fala sobre a viagem do antropólogo à Amazônia em 1938 e do seu pensamento a respeito do futuro da humanidade.

O vídeo é uma co-produção da TV Cultura com a Indiana Filmes, de Marcos Altberg. Conta ainda com a participação das produtoras francesas 13 Prodution, France 5 e do Centre Nationale de la Cinematographie da França.

Documentário refaz viagem de Lévi-Strauss

"Trópico da Saudade - Claude Lévi-Strauss e a Amazônia" é exibido hoje na TV

Programa mostra que obras de brasileiros, como Manuela Carneiro da Cunha, foram acompanhadas por autor de "Tristes Trópicos"

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Claude Lévi-Strauss [pronuncia-se Clôde Lêvi Strôss] morou só quatro anos no Brasil, entre 1935 e 1939, voltou em 1985 para uma visita de seis dias, mas seu interesse pelo país nunca parou. A opinião é do cineasta e antropólogo Marcelo Fortaleza Flores, que conviveu com o etnólogo entre 2004 e 2008 para fazer "Trópico da Saudade - Claude Lévi-Strauss e a Amazônia", documentário sobre os nambiquaras que a TV Cultura exibe hoje. Flores fez as últimas entrevistas com Lévi-Strauss.
"O interesse dele pela etnologia brasileira nunca cessou.
Apesar de não ter podido fazer mais pesquisas de campo, ele continuou com grande interesse sobre o trabalho de antropólogos brasileiros", disse Flores, que vive em Paris, em entrevista por telefone. Entre outros autores que Lévi-Strauss gostava, ele cita os nomes de Manuela Carneiro da Cunha e de Eduardo Viveiros de Castro.
A leitura dos textos mais recentes da antropologia brasileira não eram os únicos sinais de que Lévi-Strauss continuava a pensar o que escrevera a partir do Brasil, segundo o cineasta.
Ele dá outro exemplo da vitalidade do etnólogo: "Aos 98 anos, ele publicou uma resposta a um antropólogo americano que desaprovava algumas ideias dele", disse.

A expedição
Flores foi um locutor diferenciado na relação com Lévi-Strauss por causa de seus interesses: ele estudou e viveu cinco anos e meio com os nambiquaras, o grupo que o francês visitou em 1938, no norte do Mato Grosso.
Para fazer o documentário, ele refez a expedição de 1938. Saiu dela convencido que aquela viagem representa uma mudança de porte, uma guinada na antropologia moderna.
Segundo Flores, Lévi-Strauss viajou até o remoto sertão do Mato Grosso em 1938 por um motivo que mescla literatura e o nascimento da etnologia francesa: ele queria encontrar os remanescentes dos tupis que os franceses haviam visto no Rio de Janeiro quando invadiram a cidade no século 16. Lévi-Strauss queria saber o que ocorrera com os índios que o pastor calvinista e escritor Jean de Léry (1534-1611) conhecera no Rio quando os franceses estabeleceram a França Antártica na baía de Guanabara entre 1555 e 1557.
As observações feitas por Léry sobre os índios disseminaram-se pela Europa, em boa parte por causa de Montaigne (1533-1592), e foram fundamentais para a criação do mito do bom selvagem, uma ideia que seria disseminada pela Revolução Francesa (1789).
Flores concorda em parte que havia algo de pós-moderno na expedição de Lévi-Strauss, já que sua inspiração era uma obra literária.
"Era uma expedição que tinha uma relação clara com os primórdios da etnologia no Brasil, com os franceses que estiveram aqui no século 16. Mas ela tentava desvendar um mundo novo. Como expedição, era um híbrido entre duas épocas."
Ao refazer a expedição, com fotos que Lévi-Strauss fizera em 1938, o diretor reencontrou no sul de Rondônia o grupo tupi que o etnólogo francês chamara equivocadamente de mundéu (mundéu era só um ramo linguístico, segundo Flores, e os índios eram akunsuns).
Pelas fotos, Flores contou 40 traços em comum entre os akunsuns e os índios que Lévi-Strauss chamara de mundéus.
A boa notícia do reencontro do grupo que Lévi-Strauss estudara em 1938 veio junto com uma péssima notícia: só restavam seis índios akunsuns, e os dois homens ainda carregam as cicatrizes dos tiros que levaram em 1985, quando parte do grupo foi massacrada.
TRÓPICO DA SAUDADE - CLAUDE LÉVI-STRAUSS E A AMAZÔNIA

Quando: hoje, às 23h, na TV Cultura
Classificação: 14 anos

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O desafio de novas mídias na produção audiovisual.



Revista: PRODUÇÃO PROFISSIONAL
Data: Outubro 2009

O desafio das Novas Mídias na produção de conteúdos audiovisuais

Como os produtores tradicionais - de cinema e TV, vem encarando o advento das chamadas Novas Mídias - internet, telefonia móvel e games?
Em um primeiro momento é natural a descrença ou pouco caso que é dispensado para essa novidade no mercado (que hoje já faz parte da atividade audiovisual), talvez pelo fato das chamadas Novas Mídias dialogarem intensamente com aspectos tecnológicos, que remetem a formatos e suportes, em detrimento a tendência de que as mídias tradicionais estejam mais voltadas para o conteúdo. Mas essa afirmação, num segundo momento, não se sustenta, de nada valendo a tecnologia e os novos formatos se bons conteúdos não sejam criados para essas novas mídias.
Outro fator importante é o fato que as Novas Mídias estão acessíveis para um universo maior de pessoas na criação e difusão de conteúdos. A internet e a convergência digital possibilitam, cada vez mais, que muitas pessoas - não necessariamente profissionais da área audiovisual ou mesmo de comunicação, possam se expressar criativamente e, dependendo da repercussão na rede, são criados modelos de negócio.
O grande desafio das chamadas novas mídias é a perspectiva da criação de modelos de negócio, ou seja, a comercialização e rendimento financeiro desses conteúdos. Mas como parece ser tudo nesse novo mundo, os negócios tendem a ser indiretos e na maioria das vezes não significam remuneração financeira. Na verdade as chamadas novas mídias tem sido utilizadas como poderoso e eficaz instrumento de divulgação e comunicação de produtos, incluindo os audiovisuais. Filmes de cinema, programas e comerciais de TV vem trabalhando fortemente suas estratégias de comunicação nessas mídias.
As novas mídias estão para a TV hoje, como a TV esteve no passado para o cinema. Os canais de TV se queixam que vem perdendo audiência para as novas mídias, sobretudo para a internet e especialmente a audiência jovem. O cinema não morreu com a criação da TV, assim como a TV não morrerá a partir da entrada em cena das Novas Mídias. Mas muita coisa mudou e certamente a TV terá que correr atrás (e já está fazendo isso), de incorporar as novas mídias de forma criativa, ao invés de lutar contra as evidencias. Não se concebe mais uma programação de TV sem desdobramento na internet ou mesmo em celulares.
E assim também deve ocorrer com os produtores de conteúdos audiovisuais. Já existe uma legião de pessoas produzindo para as novas mídias e, como uma epidemia, o conteúdo de alguma forma relevante, se alastra – daí a expressão “viral”. Os diferentes canais à disposição na internet vem se sofisticando, com a possibilidade de interação nos celulares. A garotada não se limita aos jogos eletrônicos lacrados de marcas, tem preferido aqueles games na rede, onde a interatividade impera, acrescida de relacionamento.
É uma recita imbatível: conteúdo e entretenimento grátis, compartilhamento de informações, a possibilidade do usuário comum ser também autor, de exercer a sua expressão/criatividade, inclusão em diferentes redes de relacionamento – as chamadas redes sociais e de quebra os 5 segundos de fama e, quem sabe, faturar dinheiro ou alavancar carreiras.
Parece que finalmente estamos diante da tão anunciada revolução da comunicação pelos teóricos dos anos 60/70. E com ela veio a aparente falta de controle, seja autoral, seja comercial, sobre os produtos audiovisuais e o mercado. Aparente porque, lembrando a máxima – “se você não pode contra o inimigo, junte-se a ele”. A atividade audiovisual deve saudar essa liberdade e essa “democratização” que as novas mídias trazem em seu bojo. E fazer uso delas a seu favor. Alguns governantes e políticos eleitos de uns anos para cá devem suas eleições à disseminação de redes na internet, contra opositores outrora poderosos, como a imprensa escrita e televisionada.
Ao longo deste ano de 2008, tive a oportunidade de vivenciar uma maravilhosa experiência ao coordenar o Celucine, Festival de Micrometragens para mídia celular, em parceria com o Oi Futuro, centro de excelência propagador de arte e tecnologia patrocinado pela Oi. Recebemos mais de 600 filmes de micrometragem (entre 30 segundos e 3 minutos), de todos os cantos do país. Filmes com alta dose de criatividade e inovação, realizados por profissionais, semi-profissionais e amadores.
Pudemos também circular em diferentes Estados do Brasil, em Festivais e eventos de cinema e audiovisual, realizando worshops sobre as Novas Mídias, com palestras e oficinas e com a participação de jornalistas especializados, publicitários e realizadores com experiência na produção de conteúdo para as Novas Mídias. Sempre concorridos, esses workshops nos colocou em contato direto com quem está à vontade nesse ambiente, entre eles, grupos de jovens de periferia que se mobilizam utilizando as Novas Mídias como veículo de expressão.
Pude perceber nesses encontros, que os produtores tradicionais de conteúdo ainda não atentaram para esse universo. Não acredito que os motivos sejam geracionais. Me considero um dinossauro, de última geração é verdade, e no entanto reconheço enorme importância às Novas Mídias. E não é só de jovens que as Novas Mídias se alimentam. Talvez aqueles profissionais que trabalhem mais voltados para a difusão e comercialização dos produtos audiovisuais estejam na trincheira dessa questão e por isso se sintam impelidos a encarar esse desafio.
Uma verdade: se o conteúdo é bom, não importa a mídia, desde que adequado a ela.
Rio de Janeiro, outubro de 2009

Marco Altberg